Por Leonor Brito, Bióloga na Cetrel S.A.
O incremento tanto da atividade industrial como o crescimento das cidades, associado a uma postura mais consciente da sociedade civil através das organizações ambientalistas governamentais ou não, têm demandado a busca de alternativas ambientais mais seguras para o problema de disposição dos efluentes líquidos industriais e esgoto sanitário nos corpos receptores.
Observa-se a utilização pelo homem, de uma variedade de corpos receptores para a disposição de efluentes líquidos tratados ou não. Pode-se citar o caso dos rios, lagos, lagoas e os mares e oceanos.
Este último tem tido uma importância muito grande, em função da sua capacidade de assimilação ou autodepuração, atuando como uma própria etapa de tratamento de resíduos.
Porém, o uso inadequado desse corpo receptor pode provocar danos irreparáveis ao meio ambiente, devendo esse modelo ser pautado em rigorosos critérios de controle.
Na costa brasileira, essa alternativa tem sido implantada tanto no segmento industrial como nas cidades, em regiões de grande interesse econômico, turístico e ecológico. Neste contexto, o Sistema de Disposição Oceânica (SDO) é uma das alternativas mais eficientes de disposição de efluentes em corpos hídricos superficiais, sendo o oceano um ambiente propício e ambientalmente sustentável.
A opção por essa alternativa de disposição de efluentes tem como desdobramento, a implantação de um programa de monitoramento contínuo da região de influência do emissário submarino.
Um projeto de monitoramento em ecossistemas hídricos, utilizados como corpos receptores, deve visar o atendimento a conceitos modernos de avaliação e identificação de impactos ambientais, buscando diagnosticar o que as ações, antrópicas ou não, provocam no meio ambiente.
Estas ações extrapolam conceitos anteriores de atendimento a padrões físicos e químicos de qualidade ambiental relacionados a lançamento de efluentes, água, esgoto, dentre outros, visto que este estudo por si só não garante a manutenção da qualidade do ecossistema marinho.
Sendo assim, um estudo integrado dos compartimentos ambientais (água, sedimento e comunidades aquáticas) é uma ferramenta de extrema importância para diagnosticar o estado de um ecossistema de uma determinada região.
Para isso, a oceanografia segmenta os estudos nos seguintes segmentos:
a) Oceanografia química: Enfoca os aspectos relacionados com os estudos dos parâmetros químicos como o estudo de qualidade da água/ sedimento (pH, condutividade, gases dissolvidos, metais, nutrientes, poluentes orgânicos, potencial redox, dentre outros).
b) Oceanografia geológica ou sedimentar: Enfoca os aspectos relacionados com os estudos sedimentológicos como estudo da composição e textura dos sedimentos, estudo do fundo oceânico do ponto de vista da sua formação, ondulação, dentre outros.
c) Oceanografia biológica: Esse comportamento da oceanografia enfoca os aspectos relacionados aos parâmetros biológicos, sendo bastante abrangentes. Entre estes, aspectos relacionados ao estudo de comunidades bentônicas (zoo e fito), estudos planctônicos (zoo e fito), estudos ictiológicos, bioensaios, estudos nectônicos, dentre outros.
Ainda com relação à Oceanografia biológica, um aspecto importante a ser destacado, é priorizar o estudo dos organismos bentônicos, pois, pelo fato desses organismos serem menos móveis, eles seriam melhores indicadores de eventuais perturbações no ambiente.
Outro aspecto importante na definição do projeto de monitoramento, diz respeito à escolha dos compartimentos a estudar e sua estruturação.
O monitoramento oceanográfico deve ser utilizado como instrumento de controle e gestão, pois ele pode subsidiar a tomada de muitas decisões, através da avaliação do diagnóstico ambiental da área de estudo. Esse instrumento de controle, a depender da situação, pode ser utilizado da maneira mais ampla possível e pode abranger todas as especialidades do monitoramento oceanográfico.
As campanhas de monitoramento oceanográfico avaliam aspectos químicos, físico-químicos, sedimentológicos e biológicos. A rede amostral é concebida a partir de um diagnóstico ambiental completo da área, estudos de modelagem matemática e caracterização da circulação hidrodinâmica da região.
Experiência Cetrel
A Cetrel com mais de 20 anos de experiência neste tema, está capacitada para realizar a gestão e execução de programas de monitoramento de emissários submarinos, utilizando das tecnologias mais modernas existentes no mercado, além de estar sempre alinhada com as metodologias analíticas estabelecidas pelas referências nacionais e internacionais.
Atualmente, o Sistema de Disposição Oceânica da CETREL possui uma extensão terrestre de 11 km, um trecho submarino de 4,8 km (200 m de píer, avançando mais 4,6 km) a aproximadamente 23 m de profundidade. O trecho final é fechado na ponta, sendo que nos últimos 500m estão dispostos os difusores laterais, visando uma melhor dispersão do efluente.
Emissário Submarino da Cetrel
A malha amostral no entorno do emissário submarino da Cetrel é composta por 10 estações amostrais. Semestralmente são realizadas campanhas de monitoramento visando avaliar eventuais perturbações ao ambiente marinho.
Mapa de localização das estações de amostragem na área de influência do emissário