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Proteção hídrica: desafio das indústrias

Por Ciro Gouveia, diretor-presidente da Cetrel

À medida que a demanda por água aumenta, impulsionada pelo crescimento populacional, expansão das atividades econômicas e mudanças climáticas, as indústrias assumem um papel fundamental na saúde e proteção hídrica. As previsões de escassez, aliadas às diretrizes da agenda ESG, têm intensificado as buscas pela eficiência nas operações, de modo a reduzir a captação em fontes primárias e perdas.

Além de adotar práticas que garantem o uso eficiente da água em seus processos produtivos, o setor industrial tem investido em soluções inovadoras para preservar esse recurso essencial, alinhando-se às diretrizes da agenda ESG e às necessidades de um futuro mais sustentável. 

De acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentos (FAO), a indústria é responsável por cerca de 20% do uso total de água no mundo. No Brasil, conforme a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), o consumo do setor deve chegar a mais de 215 m³/s em 2030, o que evidencia a necessidade de preservação para um futuro mais sustentável.   

Diante desse cenário, os esforços começam pela revisão dos processos, com o suporte de profissionais especializados em diagnóstico e proposta de alternativas. O uso eficiente também representa a continuidade dos tratamentos de efluentes para reúso, uma vez que os resíduos tratados servem tanto para fins não potáveis, a exemplo de irrigação, lavagem de pisos e descargas sanitárias, quanto para fins nobres, como torres de resfriamento e processos industriais. Essa prática não apenas diminui a demanda por água potável, mas também garante que a quantidade de efluentes lançados em corpos hídricos estejam dentro dos padrões de qualidade exigidos.  

No entanto, a proteção hídrica vai além da redução do consumo ou do aumento do reúso. É fundamental a adoção de medidas no entorno das indústrias e ao longo de toda sua cadeia produtiva. Isso inclui o gerenciamento de potenciais fontes de contaminação, como vazamentos ou armazenamento inadequado de substâncias químicas, e a remediação de áreas contaminadas, impedindo novos meios de contaminação e recuperando os locais já afetados.  

Outro aspecto crucial é a prontidão para incidentes ambientais. A atividade industrial precisa estar preparada para responder de forma rápida e eficaz a eventuais derramamentos ou vazamentos que possam contaminar corpos hídricos superficiais ou subterrâneos. Tal serviço deve se estender às plantas industriais e a toda cadeia logística, assegurando que riscos sejam minimizados em cada etapa da operação.