Cada dia mais, pesquisas e estudos mostram o alto índice de desperdício do planeta. Todos os anos, cerca de 100 bilhões de toneladas de recursos são injetadas na economia de diversas formas – metais, minerais, combustíveis fósseis e materiais orgânicos, entre outros. Deste montante, menos de 10% é reutilizado. Dados mostram que da década de 70 para cá, triplicamos o uso de recursos e a tendência é que até 2050 o mundo consuma o dobro do valor atual. Se mantivermos este ritmo, será preciso uma Terra e meia para prover os recursos necessários.
Ou seja, a conta não fecha.
A origem linear do problema
No período da industrialização, surgiu um pensamento que deu origem à economia linear. A ideia consistia em criar o máximo de produtos extraindo recursos naturais. Havia uma corrida por produtividade que pudesse garantir a expansão industrial e econômica daquele momento.
O modelo baseado em quatro etapas (extração, produção, consumo e descarte) dava resultados e, naquela época, os impactos disso sobre o planeta não faziam parte do rol de preocupações da sociedade.
Ao longo dos tempos, o modelo vigente que tinha o descarte/lixo em seu design seguiu crescendo. Em paralelo, o conceito de obsolescência programada – desenvolver produtos que se tornassem inúteis rapidamente, gerando novas aquisições – tornou-se cada vez mais comum. Assim a demanda nunca diminuía, a oferta sempre se expandia e a quantidade de resíduos gerados só aumentava.
Novo conceito sustentável
Na década de 70, um novo modelo proposto começa a ganhar adeptos: o conceito de economia circular. Ele prevê que o resíduo é um erro de design que deveria ser excluído da equação, passando a existir apenas as etapas de produção, consumo e reutilização. Com base na escolha correta dos recursos e da aplicação de tecnologias sustentáveis para produção, seria possível transformar os resíduos gerados em insumos para novos produtos, reduzindo drasticamente o desperdício e a produção de rejeitos.
Na economia circular, um produto deve ser reaproveitado e reintegrado à cadeia – se possível com valor agregado igual ou superior ao original.
Benefícios econômicos
Empresas e indústrias têm investido em medidas, sistemas e tecnologia que minimizem os impactos ambientais e reduzam os danos ao planeta, tornando seus processos mais limpos, eficientes e buscando reutilizar ao máximo os resíduos gerados como base para próximas criações.
“As consequências positivas são diversas, tais como redução de emissões, menor geração de resíduos, uso mais inteligente dos recursos finitos, proteger a vida humana e a biodiversidade, além de gerar inovadoras oportunidades de negócio”, explica o responsável pelo marketing da Cetrel, Fernando Paim.
Pesquisas recentes apontam que, ao reduzir o desperdício e estimular a inovação, a economia circular representa uma oportunidade econômica de US$ 4,5 trilhões, com a criação de novos modelos de negócio. A transição para uma economia circular poderia criar um aumento líquido de seis milhões de oportunidades de novos empregos até 2030.
Cetrel investe em tecnologia sustentável
Nascida sob o conceito de sustentabilidade, a Cetrel sempre esteve ligada ao desenvolvimento e uso de tecnologias e práticas capazes de gerar o menor dano ambiental possível. “Já estamos desenvolvendo soluções alinhadas com a realidade da economia circular. Exemplo disso é que possuímos resultados significativos envolvendo dois cases de reaproveitamento de resíduos, nos quais eles retornam para o ciclo produtivo industrial”, afirma a especialista em tratamento de resíduos, Mariana Santos.
- Blendagem para coprocessamento:
Pioneira no desenvolvimento e licenciamento do coprocessamento de resíduos industriais perigosos e não perigosos em fornos de clínquer, desde 2002 a Cetrel atua em parceria com empresas cimenteiras, dando a destinação adequada e sustentável de resíduos e passivos ambientais, garantindo uma integração segura do material descartado com o processo de fabricação do cimento. Até o momento, mais de 400 mil toneladas já foram processadas, com aproveitamento térmico e material dos resíduos, sem geração de cinzas. Tudo é aproveitado termicamente e incorporado nos cristais do clínquer, reduzindo a queima de combustíveis fósseis e o consumo de recursos naturais não renováveis.
- Incineração de resíduos clorados com produção de HCL:
Desde 1991 a Cetrel opera um incinerador de líquidos, no qual 80% dos resíduos incinerados possuem cloro em sua composição. O gás cloro é um composto perigoso e não deve ser gerado no processo de combustão. Visando evitar este problema e tornar a operação mais sustentável, a unidade de incineração é condicionada para realizar a produção de ácido clorídrico 18% que, após ter sua qualidade verificada, passou a ter sua corrente concentrada, valorizada e utilizada como insumo para a indústria petroquímica. Somente no ano de 2020, a Cetrel gerou mais de 16 mil toneladas de HCl 18%. Em 2021 a expectativa é de que este número seja ainda maior. O maior benefício ambiental deste processo é reduzir o consumo de insumos com a neutralização da corrente e reduzir a destinação de efluente, aproveitando o resíduo em outros processos produtivos.
Mais que uma tendência
Fica patente que, sob os mais diversos aspectos, investir em economia circular é um bom negócio. É a mostra que desenvolvimento econômico não precisa – e nem deve – prescindir do aspecto de cuidado e preservação ambiental. “E nós acreditamos que esta é uma realidade que veio pra ficar, inclusive no segmento industrial, por isso seguimos investindo em processos cada vez mais limpos” ressalta Fernando.
Afinal, é importante manter os meios produtivos ativos, entretanto, se não houver um planeta saudável para habitar, de pouco adiantará possuir os mais modernos lançamentos tecnológicos da época.