Transição energética foi tema de reunião do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, realizada dia 28 de Abril
O Brasil tem grande potencial para aprofundar a geração de energia por fontes renováveis, como solar, eólica e biomassa. Esse foi a principal abordagem do painel “A transição energética mundial e o contexto geopolítico”, durante a 128ª reunião do Conselho Temático de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Coemas) da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“Para que o país aproveite melhor esse potencial comparativo e tenha mais competitividade no cenário internacional, é importante combater o desmatamento ilegal e criar um mercado regulado de carbono”, destacou Eduardo Viola, pesquisador sênior do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA/USP) e professor da Escola de Relações Internacionais da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Segundo Viola, a guerra entre Rússia e Ucrânia, aliada à pandemia, está provocando uma transformação significativa no sistema internacional. Ele observou que, enquanto a pandemia acelerou os planos de descarbonização, a invasão da Ucrânia gerou um desequilíbrio no mercado energético mundial.
“No curto prazo, está havendo uma corrida pela segurança energética com intensificação de busca por fontes fósseis, mas a tendência é de aceleração da transição energética, sobretudo, no mundo ocidental, liderada pela fonte solar”, afirmou Viola, complementando que, na Europa, sobretudo, na Alemanha, há grande potencial de absorção de hidrogênio verde vindo do Brasil.
Conforme o presidente do Coemas, Marcelo Thomé, o cenário atual impõe desafios para o cumprimento das metas de redução das emissões de gases de efeito estufa.
“Precisamos de uma visão mais humanizada para a transição energética, com maior inclusão dos países em desenvolvimento na construção dessa agenda”, disse Marcelo Thomé, presidente do Coemas da CNI.
A guerra ressaltou a importância da segurança energética
A gerente de Mudança Climática e Mercados de Carbono da Petrobras, Maria Izabel Ramos, a guerra ressaltou a importância da segurança energética para os países. Segundo ela, o Acordo de Paris deve ser feito de forma responsável. “Sempre haverá demanda marginal por petróleo no mundo e esse petróleo tem de ser com baixa pegada de carbono e preço competitivo”, disse Maria Izabel.
Ela detalhou que a Petrobras possui cinco frentes que contribuem com a transição energética: produção de petróleo de baixo carbono; fornecimento de gás para energia; novos produtos de baixa intensidade em carbono; pesquisa e desenvolvimento para soluções de baixo carbono; e projetos socioambientais com foco em florestas, para geração de crédito de carbono.
Marcelo Moraes, presidente do Fórum de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Setor Elétrico (FMASE), há tendência de crescimento de outras fontes renováveis de energia, como a eólica e solar, na matriz elétrica brasileira, que já é 83% renovável.
Moraes complementou que para garantir o abastecimento de energia com modicidade tarifária é preciso que o Sistema Interligado Nacional (SIN) foque em soluções híbridas, hidrogênio, eólicas offshore e armazenamento de energia.
Por: Maria José Rodrigues
Fotos: José Paulo Lacerda e Miguel Ângelo
Da Agência de Notícias da Indústria