Só em 2019, aproximadamente 3 mil brasileiros perderam a vida e mais de 273 mil foram hospitalizados por doenças de veiculação hídrica
A falta de saneamento básico no Brasil foi responsável por mais de 273 mil internações em 2019, decorrentes de doenças de veiculação hídrica. É o que revelam os dados do DataSUS, reunidos por um estudo do Instituto Trata Brasil. Com incidência de 13,01 casos por 10 mil habitantes, as hospitalizações geraram um gasto de R$ 108 milhões ao sistema público de saúde.
Essas informações apontam para um problema estrutural e grave no País, que envolve questões sociais, econômicas, além de infraestrutura e saúde. Segundo números do Ministério do Desenvolvimento Regional, cerca de 35 milhões de brasileiros não têm acesso à água potável. O levantamento também mostra que aproximadamente 100 milhões de pessoas não contam com serviço de coleta de esgoto no País.
A realidade do saneamento favorece a transmissão de doenças sérias que a água contaminada, sem o devido tratamento, pode acarretar na população, como cólera, febre tifoide, diarréia, hepatite A, entre outras.
Tal contaminação acontece quando uma pessoa tem contato ou ingere a água que, em tese, não passou adequadamente pelas etapas de tratamento para torná-la potável, de modo a eliminar microorganismos causadores de patologias e infecções.
Ausência de políticas públicas de infraestrutura urbana e saneamento básico, falta de equipamentos em muitas localidades, como sistema de encanamento, entre outras estruturas, são alguns exemplos da ausência do Estado em muitas regiões do País, principalmente o Norte e o Nordeste e as periferias do Sudeste.
De acordo com o Trata Brasil, só em 2019 a falta de acesso à água tratada e ao esgotamento sanitário foram responsáveis por 2.734 óbitos, uma média de 7,4 pessoas mortas por dia. Na região Nordeste, foram mais de mil óbitos no período, enquanto o Sudeste registrou 907 mortes. Já no Norte, 214 pessoas perderam a vida por essa variável.
O estudo do instituto também compila informações preliminares do ano de 2020, que marcou a chegada da pandemia da Covid-19, uma das mais fatais da história da humanidade.
No que se refere à relação entre saneamento e a causa de doenças no ano passado, os dados indicam que o Brasil registrou 174 mil internações por doenças veiculação hídrica, entre elas diarreicas, dengue, esquistossomose, malária e leptospirose.
O Trata Brasil pondera que esses dados são parciais e precisam ser analisados com cautela, pois embora apresentem uma queda em relação a 2019, é preciso levar em consideração o contexto do País, com a rede de saúde colapsada e o medo generalizado da população em ir às unidades de saúde por razões não relacionadas com o coronavírus.
Fonte: Portal Viu.